SONETO À MORTE*
Publicado em 27/11/2020 no https://www.instagram.com/flaviopoiesis
Gentil senhora,
Quando vieres me buscar
Venhas devagar.
Venhas sem pressa.
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Quando vieres
Nada de roupa de luto.
Venhas sem capuz, quero ver o teu rosto.
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Vistas o teu vestido de festa,
Aquele bem bonito,
longo alegre e florido.
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Quando vieres
Não tragas nada.
Venhas de mãos vazias
Para me carregares em teus braços.
*Este soneto é uma tentativa de reconciliação com a inegável realidade da finitude da vida.
A morte, já vencida pela Ressurreição, não nos é mais inimiga, é a amiga, que não se deseja ter por perto, mas que traz sempre a dolorosa notícia que culmina na alegria eterna.
A morte é eucatástrofe para os que crêem.